Pouco antes da chegada oficial dos mórmons ao
continente português
Vestiam-se com roupagem de cores alegres. As jovens decoravam a
cabeça com flores e eles colocavam algo a prender as longas cabeleiras.
Cantavam, tocavam viola e procuravam viver em harmonia com a natureza, assim
era o movimento hippie nos anos sessenta nos Estados Unidos e ainda ativo uma
década depois no Brasil e em Portugal.
Os hippies adotavam um estilo de vida comunitário e
opunham-se à guerra. Uma das suas máximas, provavelmente aquela que ficou mais
conhecida era a célebre “peace and love” ou seja:
paz e amor.
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* * * *
“Na Primavera de 1974 nas densas
e exuberantes matas tropicais de três diferentes zonas geográficas de África:
Guiné, Angola e Moçambique, milhares de militares pertencentes às Forças
Armadas Portuguesas combatiam os movimentos nacionalistas locais que lutavam
pela independência daqueles territórios.
Aquelas
terras africanas eram consideradas pelo Estado Português como suas Províncias
Ultramarinas e, como tal, Portugal procurava mantê-las sob a sua soberania. No
entanto, para a generalidade dos países do mundo, esses territórios não
passavam de Colónias cujos nativos lutavam para torna-los países independentes.
Na Ásia,
58.000 militares dos Estados Unidos da América perderiam a vida, em sangrentos
confrontos ocorridos nas densas selvas do sudeste daquele continente, ao
combaterem ao lado dos soldados do Vietname do Sul as tropas do Vietname do
Norte.
Enquanto
estes combates decorriam lá longe, noutro continente, na Europa, nos arredores
da pacífica capital portuguesa, em Oeiras, junto à cosmopolita Estoril,
encontrava-se um outro grupo de militares aquartelados em instalações da NATO
(sigla inglesa de O Tratado do Atlântico Norte) onde prestavam serviço. Estes
homens eram oriundos de vários países aliados.
E foi para
estas instalações que se encaminhou, no quente dia de Verão, 10 de agosto de
1973, o oficial da Marinha dos Estados Unidos, John C. Petersen, para se
apresentar ao serviço. Tratava-se de um militar recém-chegado, transferido dos
Estados Unidos para Portugal.
Petersen
tinha sido durante toda a sua vida, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias e, ao serviço da Igreja, tinha cumprido uma missão
religiosa de tempo integral.
Este era o
único membro que a Igreja sabia estar em Portugal, embora noutras épocas um
pouco mais distantes tivessem vivido aqui outros santos dos últimos dias, sendo
conhecida, por exemplo, uma jovem de apelido Brown que lecionava numa escola
americana na região. Também uma família de militares, de apelido Thomas, tinha
deixado o país pouco antes da chegada de Petersen.”
Excerto do livro: MOVIDOS PELA FÉ
Rui
Canas Gaspar
2015-07-12
www.livrosdorui.blogspot.com
2015-07-12
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OBRIGADO AMIGOS
Estejam onde estiverem, no lado de cá ou no lado de lá do véu, não importando em que parte do planeta se encontrem, a vossa memória será perdurada ao longo de mais algumas dezenas ou centenas de anos, as páginas da história sud em Portugal saberá fazer-vos uma justa homenagem, porque vocês foram as pessoas que fizeram a "abertura da terra" para que Portugal pudesse ser
O FAROL DA EUROPA
Esta é a foto que documenta a primeira conferência missionária mórmon levada a efeito em Portugal em 1975
Se serviu em Portugal e quiserpartilhar aqui as suas experiencias nos tempos pioneiros da Igreja envie o seu material para
Carlos A. Domingues
A chegada dos primeiros missionários ao Porto
Em Junho de 1975 enquanto servia em Lisboa e com apenas seis
meses no campo missionário, recebi um chamado do Presidente William Grant
Bangerter. Eu era apenas um rapaz que havia sido batizado a 18 meses, que não
havia recebido nenhum treinamento missionário, (no Brasil naquela época não
tínhamos Centro de Treinamento Missionário - CTM) sem ter recebido as
investiduras e sem muita experiência na missão. Eu estava sendo transferido para
uma cidade no norte de Portugal de nome Porto. Naquela noite eu deveria me
dirigir aos escritórios da missão para encontrar meu novo companheiro, Elder
David Webster. Elder Webster havia recém chegado dos Estados Unidos onde
esperou por vários meses um visto para ir servir no Brasil. Como a demora e
dificuldade era grande a Igreja o transferiu para Portugal.
Elder Webster havia perdido um pouco do Português que havia
aprendido no CTM. Eu naquela tinha um inglês muito limitado.
Chegando a noite fui ao escritório da missão onde me despedi
do meu companheiro, Elder Dale Thompson. Elder Thompson era um excelente
missionário e dedicado. No escritório recebi das mão de Elder Wagner Camargo um
bilhete escrito por Elder Bangerter que dizia:
“Aqui estão as duas passagens para ir ao Porto, seu é Elder Webster,
também adiantamos o valor de 700 escudos para suas despesas ao chegar ao
Porto”.
Eu não tinha conhecimento que estávamos viajando em uma
quinta feira de um longo feriado. O dia de Portugal seria comemorado na sexta-feira
e por isto muitas pessoas estavam viajando para aproveitar o longo feriado – de
quinta-feira ao domingo. Ao chegar à estação do comboio me despedi dos Elderes
Bremner, Elder Dutra, Elder Oliveira e Cavinatti.
Como a viagem seria longa, já que o comboio não iria direto
a cidade do porto, mas iria parar em várias cidades ao longo do caminho, Elder
Wagner Camargo comprou bilhetes de primeira classe. Ao chegarmos aos vagões da
primeira classe vi que os lugares estavam tomados e não havia lugares para
viajarmos confortavelmente. Então pensei que poderia haver mais vagões de
segunda classe do que de primeira classe. Caminhando por dentro do comboio com
as malas nas mãos e tendo Elder Webster me seguindo aonde eu ia, fomos aos
vagões da segunda classe.
Ao chegar ao primeiro vagão da segunda classe vi que estava
mais lotado do que os da primeira classe, havia pessoas sentadas nos corredores
e nas passagens. Caminhamos aos outros vagões da segunda classe e vi que
piorava. Então pensei comigo: “lotado por lotado é melhor irmos à primeira
classe, já que nossos bilhetes eram para lá”.
Ao olhar para o relógio vi que havia poucos minutos para o
comboio partir e pensei que seria mais rápido chegar à primeira classe se
fossemos por fora do comboio. Elder Webster me seguia sem entender o que se
passava.
Ao caminhar por fora do trem para chegar à primeira classe
vi que o homem que controlava a saída do comboio se dirigia ao ultimo vagão com
a bandeira de partida nas mãos. Fiquei apavorado e comecei a correr para os vagões
que não tinham pessoas bloqueando a entrada quando de repente uma das malas de
meu companheiro abriu e seus pertences se espalharam pela estação. Comecei a
recolher as coisas quando algumas pessoas vendo nossa situação vieram em nosso
socorro. As coisas foram colocadas nas malas sem que fosse fechada e embarcamos
no comboio.
A viagem demorou cerca de onze horas - para um trecho que
alguns anos mais tarde viajando Portugal com minha esposa fiz em 4 horas. A
viagem foi desconfortável e como fomos um dos últimos a entrar nos vagões de
primeira classe não encontramos lugar para sentarmos e nem para nossas malas.
Viajamos deitados nos corredores do comboio.
Ao chegarmos ao Porto desembarcamos na estação de Campanhã
apesar de a próxima estação ser a de São Bento no centro do Porto. Ao deixar a
estação, olhei ao redor sem saber para onde ir ou o que fazer. Não tínhamos
ninguém a nos esperar, não conhecíamos a cidade, não havia um único membro, não
havia uma capela ou mesmo qualquer contato. Meu primeiro impulso foi procurar
uma padaria para comer alguma coisa. Compramos alguns pães e dois litros de
leite.
Sentamos nos bancos da praça que ficava na frente da estação
e comemos nosso desejum. Enquanto comiamos eu vi que havia uma paragem para
taxis. Não havia nenhum taxi parado lá naquele momento. Na estação encontrei um
rapaz que vendia jornais e perguntei a ele qual seria a melhor maneira de
encontrar um local para alugarmos. Comentei que poderia ser um quarto, uma vaga
em um quarto, uma pequena casa, algum lugar. O que ele falou me deixou muito
desanimado. Ele comentou que com a volta dos retornados das colônias da África
não havia quartos, vagas, casas e nem mesmo quartos em hotéis para serem
alugados.
Na estação encontrei um telefone publico, troquei algumas notas
em moedas e comecei a fazer alguns telefonemas. Chamei um, dois e três hotéis e
a resposta foi que não havia quartos e que não haveria chance de conseguir,
porquanto havia mais retornados e clientes do que eles tinham capacidade de
atender. Um dos atendentes me disse que eu poderia ter uma chance de conseguir
alguma coisa dentro de uma semana.
Para agradecer a gentileza do rapaz dos jornais que
conversou comigo comprei o jornal “Diário de Noticias’. Lendo o jornal
encontrei nos classificados o anuncio de apenas três anúncios de possíveis
locais para alugar. Ao telefonar para os anúncios vi que um era uma casa
extremamente grande e cara, era uma mansão e o valor era impossível para nós.
Outro anuncio era uma vaga em um quarto para um rapaz somente e que deveria
haver um deposito de seis meses. O ultimo anuncio que telefonei era uma senhora
que alugava a garagem de sua casa. Ela havia colocado duas camas e transformado
a garagem em um quarto.
Tomei um taxi e pedi que nos levasse ao endereço desta
garagem na Rua Paula Vicente, número 50. Elder Webster continuava a me seguir e
carregando as malas para onde íamos. Ao chegar na casa, contatamos a senhora
proprietária e ela nos apresentou o “quarto”. Eu fiquei feliz com que foi
apresentado, mas ela nos disse que somente poderíamos alugar a partir do
próximo dia. Tentei convencer ela a nos alugar naquele dia, porém sem sucesso.
Contratei o aluguel e voltamos à estação de comboio São
Bento onde iríamos dormir aquela noite.
No dia seguinte logo nas primeiras horas fomos a casa. A
senhora começou a nos perguntar o que fazíamos em Portugal. Por que éramos, um
Brasileiro e um Americano (americanos não eram bem vistos, eram tidos como
agentes da CIA)? Expliquei que éramos missionários e falei sobre a Igreja e o
Livro de Mórmon. Ela me perguntou onde era a nossa Igreja no Porto. Eu disse
que não tínhamos um local ainda, e que em breve teríamos. Ela me perguntou
quantos membros da Igreja tínhamos no Porto. Eu disse a ela que tínhamos dois,
eu e meu companheiro. Ela ficou um pouco temerosa e disse que ela havia sido
batizada como Testemunha de Jeová duas semanas antes. Comentou que seu marido
não havia gostado da idéia de ter um americano na sua casa (lembre que os
comunistas estavam no poder e americanos eram detestados pelos socialistas e
comunistas). Então falei com ela que já havíamos fechado e que eu já havia
pagado por dois meses (eu havia deixado o dinheiro em confiança com ela no dia
anterior). Ela então disse: Esta bem, todavia vocês vão ficar aqui por somente
dois meses. Fiquei muito feliz por ter um local para passarmos a noite. A
proprietária nos apresentou a casa de banho que ficava dentro da casa e que
teríamos de passar pela sala e pela cozinha sempre que precisássemos tomar um
banho ou usar o toalete.
Aquela garagem foi o nosso quarto por mais de dois meses,
ficamos lá por cinco meses. Naquela garagem fizemos nossas reuniões
sacramentais, lá trouxemos nossos primeiros investigadores para participar da
Igreja, lá abrigamos os outros Elderes que chegaram para nos ajudar no Porto e
lá apresentamos o evangelho aos investigadores e demos as palestras para o
primeiro batismo no Porto – Ermelinda Lobo.
Nota: Depois de 32 anos voltei a visitar a casa onde
alugamos a garagem em 1975 e o local continua lá, do mesmo jeito – um lugar
especial.
Élder Domingues, enviou este postal para sua mãe, no Brasil, dando conta da abertura à obra missionária na cidade do Porto
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Recorte do jornal " A Capital" de 10 de Fevereiro de 1975
primeira notícia na comunicação social portuguesa
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Podemos dizer... Eu estive lá... fui o missionário numero
70 a chegar na missão.
Minha primeira reunião sacramental em Portugal, foi no
Grande Hotel Roma, com mais de 220 pessoas presentes, sendo metade
missionários, e a outra metade era composta de amigos
e investigadores...
Gente como o presidente Leite que se sentava no cantinho de
cima do auditório durante a sacramental, com o Livro de Mórmon na mão e saia
sem dizer uma palavra... ao fim de alguns meses muitos dos missionários já
estavam em outras áreas e soubemos que o irmão Leite havia se batizado e logo
ele se tornou um dos primeiro presidentes de ramo em Lisboa.
É... eu estive lá!
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Sister Fatima Rubino, de nacionalidade brasileira, foi a primeira jovem a cumprir uma missão de tempo integral em Portugal. Ainda antes de chegarem novas companheiras chegou a sair para as ruas de Lisboa acompanhando dois missionários, um facto verdadeiramente impensável.
O postal tem o antigo endereço do escritório da Igreja, em Lisboa.
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